
Quase metade da população quilombola da Bahia reside em áreas urbanas. Ao total, 52,0% dos 397.502 quilombolas baianos ainda vivem áreas rurais, enquanto 48% formam uma população quilombola urbana. A Bahia possui a maior população quilombola do país. Os dados de 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (09), revelam o perfil e a realidade socioeconômica destes grupos.
Na época, a Bahia possuía também a maior população urbana quilombola do país, enquanto ficava atrás apenas do Maranhão no contexto rural. No que se refere ao perfil da comunidade quilombola, a comunidade é um pouco mais masculina do que a população geral: são cerca de 97,9 homens por 100 mulheres, frente a 93,6 homens por 100 mulheres na população em geral.
Conforme o levantamento, a população quilombola é mais jovem, mais masculina e menos alfabetizada em comparação a população geral. O Bahia Notícias realizou detalhamento setorial dos dados do levantamento.
PERFIL QUILOMBOLA NA BAHIA
Ao falar sobre o perfil da comunidade quilombola na Bahia, o IBGE aponta que em termos de idade e gênero, o grupo que reside na área rural é bem mais jovem e um pouco menos masculina do que o total de habitantes.
Nas áreas rurais, os homens já são maioria, desta forma, a população quilombola possui razão de 103,1 homens por 100 mulheres, frente ao total da população rural, que é de 108,4 homens por 100 mulheres. Entre os quilombolas de zonas urbanas, por sua vez, a contagem era de 92,6 homens para cada 100 mulheres entre a comunidade quilombola, maior que a razão para o total da população nesses locais 89,5 homens para cada 100 mulheres.
Em sua análise, o Instituto define que “a maior presença de homens entre quilombolas se relaciona com o fato de essa população ser mais jovem, ou seja, ter um menor índice de envelhecimento”. A ligação entre as informações é clara: o índice de pessoas idosas na população quilombola é de 60,8 para a cada 100 pessoas de até 14 anos. Enquanto na população baiana em geral, o número chega a 75,4 idosos por 100 pessoas até 14 anos de idade.
O cenário é mais preocupante na zona rural, onde a razão é de 59,9 idosos quilombolas para cada 100 pessoas até 14 anos, enquanto no cenário da população rural em geral a razão é de 85,5 idosos por 100 pessoas até 14 anos. O cenário faz com que a média de idade da população quilombola seja de 32 anos, para quilombolas em geral, enquanto a média da população baiana é de 35 anos.
ANALFABETISMO E SANEAMENTO BÁSICO
No que tange ao desenvolvimento socioeconômico da comunidade quilombola, o IBGE analisou a taxa de analfabetismo do grupo e o índice de acesso aos três tipos de saneamento básico.
Taxa de analfabetismo de quilombolas urbanos na Bahia é bem maior do que no total da população urbana do estado. São 13,7% de pessoas quilombolas analfabetas frente aos 9,0% da população em geral. Entre os quilombolas da zona rural a taxa de analfabetismo é significativamente menor do que a registrada para os quilombolas baianos em contexto rural: sendo 13,7% na zona urbana e 18,3% na zona rural. Destes, 22,6% (35.893, em números absolutos) não sabem ler nem escrever.
Para falar de saneamento básico, o IBGE considera a caracterização adotada pelo Plano Nacional de Saneamento (PLANSAB). A definição de saneamento básico inclui, portanto, acesso adequado simultâneo aos três serviços: abastecimento de água, coleta de esgoto e destinação do lixo.
Na Bahia, quase metade dos domicílios quilombolas urbanos (47,5%) e 9 em cada 10 dos rurais não têm acesso adequado a saneamento básico. Nas áreas urbanas, 47,5% dos domicílios particulares permanentes ocupados com pelo menos uma pessoa quilombola possuíam déficit em algum critério: “Ou não eram atendidos por abastecimento de água canalizada por rede geral, poço, fonte, nascente ou mina; e/ou tinham como destino do esgoto uma fossa rudimentar, buraco, vala, rio, córrego, mar ou outra forma; e/ou não eram servidos por coleta direta (porta a porta) nem indireta (por caçamba) de lixo”, explica a descrição do Instituto.
No contexto urbano, 47,5% das residências quilombolas possuem alguma inadequação nos serviços de saneamento. O número é quase o dobro do índice verificado para o total de domicílios: 25,4% deles. Na área rural, a inadequação no acesso ao saneamento básico também é maior entre os domicílios quilombolas. 94,4% deles, ou 66.388 em número absolutos, conviviam com alguma precariedade no abastecimento de água, esgotamento sanitário ou coleta de lixo. Entretanto, a situação era bem próxima à verificada para todos os domicílios rurais do estado, dos quais 93,4% tinam alguma inadequação nos três serviços de saneamento.
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